quinta-feira, 19 de julho de 2007

Nascido para matar: a guerra antes da batalha!

Por: Gustavo Madruga

A guerra começa antes do campo de batalha, essa é a primeira impressão transmitida pelo filme "Nascido Para Matar"(Full Metal Jacket), penúltima obra do diretor Stanley Kubrick que retrata a guerra do Vietnã de maneira bastante singular: o quartel é problematizado na primeira parte do filme e as cenas de maior impacto psicologico são referentes ao treinamento militar.

Logo de início, nos deparamos com uma cena simples, mas se vista com olhos mais aguçados, podemos perceber que no momento em que as cabeças dos soldados são raspadas a mudança não é só estética, a inocência e outros sentimentos que os classificam como humanos são deixados para trás; agora são apenas máquinas a serem programadas. O maior exemplo disto, é o modo como o recruta Gomer Pyle (Vincent D'Onofrio em grande atuação) sofre uma metamorfose de maneira inversa: de humano à animalesco, o jeito infantil dá lugar ao instinto assassino, que acaba se voltando para o seu próprio criador, o sargento Hartman.
No ambiente de treinamento, é impossível não ser impregnado pelo espírito bélico, ele não está presente somente nas atividades e nos treinamentos, mas também na religião. A oração feita pelos recrutas antes de dormir mostra que o deus, o santo protetor e o anjo da guarda se resume a um objeto: o rifle.

No próprio cartaz do filme podemos observar um curioso paradoxo; um símbolo utilizado pelos Hippies na década de 60 significando a paz, ao lado da frase nada pacífica "Born to Kill"(Nascido para matar). Seria uma mostra indireta do ideal bastante difundido na época (e também nos dias de hoje como no Iraque) de que "o objetivo da guerra é a paz"? Pergunta que fica no ar...
Na segunda parte do filme onde os recrutas já "transformados" em soldados estão no Vietnã, podemos ver elementos diferentes dos abordados até então em filmes do gênero, por exemplo: prostituição como uma das principais formas de interação entre americanos e vietnamitas. Os dialogos fortes se tornaram banais pelo fato de Platoon (lançado um ano antes) já ter tocado bastante nesta tecla.

Os fanáticos por filmes de guerra não podem deixar de assistir (e reassistir!) este belo filme que considero um grande clássico do gênero.

6 comentários:

Vinícius Lemos disse...

Não ninguém no cinema igual a Kucrick!
E Tenho dito!
http://blogcinefilia.zip.net

Dr Johnny Strangelove disse...

Amigo ... é Kubrick porraaaa
e esse filme soa ironico até o osso, onde mostra o treinamento fdp pra chegar no final apanhar feito cachorros para uma atiradora
é foda pra carai ...
abraços

Alex Gonçalves disse...

Este drama de guerra é bem marcante e diferente da maioria dos exemplares do gênero. Recordo-me de ter visto o filme a mais de uma década e existe diversos momentos que estão gravados na minha mente, especialmente na mudança de personalidade de todos em cena depois da primeira meia hora. Num futuro próximo irei rever.

Wanderley Teixeira disse...

Opa Gustavo!(trocadilhozinho infame este...rsrsrsrsrs)Valeu pela visita no Espaço e por adiciona-lo entre os seus.Já gostei de cara do seu blog por apresentar filmes como As Horas,Moulin Rouge!,Brilho Eterno,Beleza Americana e Central do Brasil(tb são alguns dos meus preferidos).Dica?Entre na Comunidade dos Blogueiros cinéfilos no Orkut,se tiver,para conhecer outros cinéfilos q tem blogs e divulgar o Cine Ôpa!.
Sobre Nascido para matar,ainda naum vi este filme do Kubrick mas gosto muito do diretor especialmente por 2001:Uma odisséia no espaço,Laranja Mecânica,O Iluminado e De Olhos Bem fechados.

Wiliam Domingos disse...

Não sou nada fã de filmes de guerra, mas sendo do Kubrick já é um grande motivo para assistir, talvez o único!
Mas antes deste ainda preciso ver De Olhos Bem Fechados...
Abraço
xD

Mob Cranb disse...

Pois é Madruga...um grande e bom filme sobre um assunto que, caso não se saiba como abordar, vira um clichê.Felizmente o Kubrick fez algo para servir como referência para aqueles que queiram retratar uma guerra, seja ela em que período for.Uma frase bastante marcante,dentre de outras centenas que há no filme, é "um dia sem mortes (ou sangue) é como um dia sem sol",frase que leva a uma boa discussão...