segunda-feira, 8 de junho de 2009

Boca de Lixo




Por: Igor da Nóbrega Gomes

O documentário Boca de Lixo, do diretor Eduardo Coutinho, revelava a vida de milhares de famílias, ao final da década de 1980, no conhecido Vazadouro de Itaoca, município de São Gonçalo-RJ, que tiravam o seu sustento catando lixo. A situação de miserabilidade era evidente, mas trabalhar no lixão era, na maior parte das vezes, a única alternativa que muitas famílias tinham, já que o Brasil, nesse dado momento, enfrentava uma das piores crises de sua história, que ficou conhecida como a “década perdida”. “Meu marido é pescador. Tem dia que ele arranja, mas tem dia que não arranja. Por isso eu tenho que me virar por aqui”, afirmou Lúcia, uma das personagens entrevistadas. Entretanto, em alguns casos, o sentimento de orgulho em trabalhar no lixão era evidente. “Quando eu to no lixão, sou uma pessoa completamente diferente de que quando estou em casa, pois lá eu brinco, lá eu falo”, complementou Lúcia.
Percebeu-se também no decorrer do documentário que, grande parte dos catadores de lixo, não gostavam de seguir uma escala hierárquica no que diz respeito ao trabalho, nesse caso tomando como referência o trabalho executado em casas de família. Tal fato pode ser verificado quando a personagem Cícera lançou a idéia de que “não gostava de ser comandada”. “Já trabalhei em casa de família, e não gosto de ser mandada”, explicitou Cícera. Acrescente ainda que, catar papel, papelão, latas, enfim, ferro-velho, dava muito mais lucro aos catadores de lixo do que trabalhar como empregado doméstico.
Outro ponto importante a ser destacado no documentário é que as pessoas que trabalhavam no lixão eram tidas como acomodadas, que não tinham perspectiva alguma quanto ao futuro. “Qualquer coisa pra mim tá bom... Eu não tenho mais o que ganhar, explicou Cícera.
Por fim, o documentário revelou a surpresa de milhares de famílias que, ao se verem na televisão, exibida no carro da equipe que realizou o documentário. Enfim, revelou o espanto e, ao mesmo tempo, o fascínio de mulheres, crianças, nordestinos... que apenas queriam ser vistos com cidadãos dignos, ao meio de uma sociedade egoísta e preconceituosa.

2 comentários:

Vinícius Lemos disse...

Cine Ôba de volta? Espero que sim!

Vinícius Lemos
blogcinefilia.zip.net

Leonardo Sacco disse...

Ola.
Tudo bem?

Trabalho com o Núcleo de Relacionamento e Disseminação em Mídia Social, empresa que presta consultoria ao Governo de Minas, com o objetivo de aproximar cidadãos.

Entro em contato, pois como o blog fala sobre cinema, gostaria de lhe enviar algumas informações - via email - sobre projetos e iniciativas do setor no estado de Minas Gerais. Caso tenha interesse, peço que entre em contato pelo email: leonardo@webcitizen.com.br . Duvidas, sugestões e críticas, fico à disposição.

Abs e obrigado.
Leonardo Sacco.