sábado, 22 de março de 2008

Brasileiro não desiste nunca. Pois eu já desisti... e não nego!

POR:. André Ourix


Esforço não precisa ser sinônimo de forçoso. Isso foi o que eu extrai em termos de conhecimento cinematográfico ao ver em letras garrafais o titulo do filme após a ultima cena. Digo isto, pois, não foi nada mais do que forçado querer passar-nos uma suposta verdade na qual acredita Claúdio Assis. Alias, este moldou sua pelicula com um emaranhado de histórias que formam um painel no minimo estereótipado do cidadão brasileiro, afinal, não só existem brasileiros persistentes, mas tambem aqueles que se entregam fácil, que desistem, frente a uma monotonia e melancolia do simples fato de existir.

Acho que esse é o discurso do filme na minha ótica: o Existir. Isso fica bem claro numa das mais bem centradas histórias, a da ligia, que sempre abre o seu bar esperando para fecha-lo, nunca encontrando algo de novo, parecendo um "eterno retorno", um tempo cíclico. E o que dizer Isaac, que espera alguem morrer para satisfazer seu desejo necrófilo. Estas micro-histórias porém nos parece em termos de metodologia bastante etnográficas no que toca a sua construção. Afinal, não parece nada mais do que simples meras descrições, aquele algo repetitivo que aflinge a quem vive, o simples ato de ver tv por não ter o que fazer ou de mostrar as partes intimas para ver algo novo. É uma mera empiria de alguem que suprime em uma telona de poucos metros quadrados e em pouco tempo, algo que abrange varias localidades e um espaço-tempo bastante extenso.


São varios dramas urbanos que sintetizam a banalização da individualização: Poucos ali se importam com o ser que habita em todos, mas sim no que há nele proprio. Esse é um sentimento pós-moderno que Claudio quer trazer para todos, atraves de uma mulher crente (altamente estereótipada por sinal) que por ver no seu marido um traidor, libera o que tinha guardado por muito tempo: sua vontade de ser o que bem queria. Acho que nesses pontos encontram-se os elementos frageis dessa obra, o quanto ela pode ser determinista e normatizador em suas demonstrações de vidas pessimistas,depressivas e ainda mais sem esperança.


Entendo que no final de tudo, claudio tentou no seu esforço, nos chocar com suas ideias de verdade, mas que porém soou bastante forçado no sentido de que para ele, parece bastante plausivel e "normal".

Nota: 6,5.

8 comentários:

Rodrigo Fernandes disse...

Já tinha ouvido falar de críticas muito fortes e negativas para esse filme, ainda não o asssiti, mas está na minha lista... vi numa entrevista que ele falou que estava alí para incomodar quando lançou o "Baixio das Bestas", outro ploêmico dele tbm mais recente...
acho que cinema é isso tbm... causar, polemizar, além de entreter... não sou fã de filmes com muitas histórias intercaladas, mas quero assitir aos dois dele... Pelo menos os dois devem me incomodar, já que essa é a proposta dele...
Abraços

Gustavo Madruga disse...

Sou um grande admirador do chamado "cinema forte", por isso sou suspeito neste debate. Acho que meu companheiro de blog foi muito radical em alguns aspéctos e só enxergou o filme por apenas um prisma.

Não quero me prolongar no assunto, portanto deixo a frase:

O que seria do nosso cinema se só existisse um tipo de filme, um estilo, um diretor?

Aos que não gostam de Assis: Não gostem dele! Mas reconheçam a importancia dele para a diversidade do cinema brasileiro.

Gustavo H.R. disse...

AMARELO MANGA, outro longa de Cláudio Assis que fez barulho, assim como o novo BAIXIO DAS BESTAS.

Não assisti, mas percebe-se - até pela personalidade do diretor, em suas entrevistas e depoimentos - que ele é um cineasta de extremos, com aquela missão de "incomodar", de filmar "verdades".

Preciso ver para concordar se é ou não forçado, mas como disse o Gustavo em cima, ruim não deve ser ter mentes assim em nossa cinematografia.

Cumps.

Robson Saldanha disse...

Olá, muito bom o blog!! Apareceu sempre. Quanto ao filme não assisti ainda mas depois de rezenha, vou pensar duas vezes em vê-lo. Assim que der passa no meu blog também, sobre cine. Abraço!

http://portalcine.blogger.com.br

Cine Ôba! disse...

Ourix concordo com vários pontos ressaltados. Porém, você deve ter em mente a proposta do diretor em direção a este alcance! O filme pra mim está no rol dos "normais". Seus planos de câmera são interessantes e só! hehehe

Isabela disse...

Ainda nao tive a oportunidade de assistir, mas admito que até que tenho uma certa paciencia para filmes nacionais, claro... quando de qualidade!

Unknown disse...

Eu gosto bastante de Amrelo Manga. Seu tom naturalista me fascina, assim como me fascina também a nossa literatura naturalista. Inclusive, o livro que deu origem ao argumento do filme, "Tempo Amarelo", é um tratado antropológico sinistramente belo. Parte do livro é quele texto sobre as coisas amarelas, lembra?

Abs!

Ygor Moretti disse...

eh... não seja tão duro com o cinema nacional, tem muita coisa boa, é um cinema vigoroso e original, isso causa mesmo estranheza. Amarelo Manga concordo que pisa na bola, passa a ser algo exagerado extravagante e o mais perigoso de tudo, é a sensação da violência, da nudes, pornografia ou sei lá o que visitada de forma gratuita. Adoro filme nacional, mas esse virou referência do que é ruim e impraticável, não é esse o caminho.